Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2016

Contos Insanos #3

No quesito amor, eu sempre fui muito fodida. Não faço a mínima ideia de como funciona a reciprocidade. Quando eu gosto de alguém, a pessoa não corresponde, e quando gostam de mim, eu não consigo corresponder. Então, eu realmente, procuro não me apaixonar por ninguém. Só que sabemos que nada acontece como queremos, não é? Éramos amigos. Só isso. Fazíamos parte do mesmo ciclo de amigos. Eu nunca tinha reparado em nada que me fizesse voltar os olhos diretamente só para ele. Até que em meados de maio, após eu me livrar de uns problemas pessoais que literalmente me sugavam (assunto para outra história), eu comecei a sentir a presença dele bem mais forte que nos outros dias. Ele fazia questão de mostrar que estava ali, estava de olho em mim, que prestava atenção em tudo. Sabe aquela sensação de estar sendo observada? Eu me sentia exatamente assim perto dele. Sempre estávamos entre amigos, e perto dos meus amigos, para quem me conhece, sabe que fico totalmente transparente, sou eu de ver

Não devia ter entrado naquele ônibus

Vi uma garota chorando hoje. Ela escondia o rosto com o cabelo, com uma palma da mão segurava a bochecha esquerda e limpava sutilmente as lágrimas. Eu entrei no ônibus e antes que pudesse passar pela catraca, a garota me prendeu a atenção, sentei onde pudesse vê-la e passei o resto do meu trajeto a observá-la. Já era noite, e eu me perguntava o porquê dela está chorando, o que tinha lhe perturbado tanto a ponto de não conter o próprio choro em público? Será que brigou com uma amiga? Fugiu de casa? Foi assaltada? Não, não, não. Era um tipo de pranto diferente, ela chorava por algo que faltava, algo que não existia mais, algo que perdeu. Era um choro tão pesado, tão difícil de segurar, era poesia em forma de tristeza. Cheguei mais perto, ela estava com fone de ouvido, o som se encontrava no máximo, o barulhinho externo era audível, o celular no colo mostrava qual faixa tocava. Entre Laços. Me pareceu familiar, pensei, pensei... Ah, Zimbra, conheço. “Estranho é pensar em mim mesmo sem t