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Mostrando postagens de janeiro, 2015

Estrangeira

"Um dia eu espero encontrar uma boa razão pra acordar todos os dias, sem um pingo de força de vontade e mesmo assim vivê-lo", ela dizia a si mesma enquanto esperava no ponto de ônibus. Era uma tarde quente, o sol das dezesseis sempre foi o pior sol, paira bem no rosto e demora a se pôr. Ela usava calça jeans, ela odiava os seus próprios jeans, "que tipo de ser humano usa jeans no calor dos infernos como este?", pensava alto e sua cara ranzinza transparecia seus pensamentos sobre o clima. Pegou o ônibus, lotado como de costume, aquele barulho rotineiro de crianças chorando, adultos gritando e idoso reclamando já estava no limite, pegou seus fones de ouvido e colocou no volume máximo e tentou esquecer que estava ali, por apenas 3 minutos, ou até a próxima música tocar. Aquele momento crucial de uma viagem de ônibus ao som de sua música preferida foi um impacto. O trânsito da cruel Djalma Batista nunca tinha se tornado tão hediondo, como se não bastasse um cara mais do

À beira de abismos

Ela estava sorrindo e sentiu borboletas fazerem uma bagunça em seu estômago, percebeu que já era tarde pra voltar atrás, ela se sentiu como se estivesse em maio de 2013 e estivesse sido atingida com a mais rápida flecha do bendito cupido, ela sentiu um arrepio louco subindo rápido pelas suas costas, suas mãos estavam suando e seu coração voltou a bater naquela mesma frequência que fazia anos que não batia. Ela sabia que era incerto e que não dava pra confiar em que quebrou seu coração em mil pedaços a quase dois anos atrás, mas ela se sentiu viva novamente, e aquela vontade insana de querer estar viva era maior que qualquer medo. E mesmo que o tempo tivesse passado, seu coração machucado e um pseudo-relacionamento terminado, ela ainda estava sob vestígios do passado, pequenos detalhes como o perfume que ele usava, ou a blusa mais larga que ele tinha que ela ganhou como pijama, um filme em que os dois sempre assistiam juntos, ou aquela música que ela sempre pulava da playlist por que a

Reciprocidade

Um dia eu espero que todos possam compartilhar a alegria que é amar. Mas não um amor qualquer, um amor recíproco, um amor que tenha curado as feridas das decepções passadas, aquele amor que transforma tudo no mais clichê dos clichês, mas que não perde a graça, não perde o sentido, aliás, dá sentido, transforma, ajeita, equilibra e o mais importante, ele dá vida a esperança de que finalmente tudo vai se encaixar, um amor desses a gente vive várias vezes com a mesma pessoa, ele não morre, não se esmorece, nem se perde, nem se esquece, ele permanece nas veredas da alma e te acompanha até onde der, onde puder, onde couber, por que esse tipo de amor tudo suporta, e eu espero que um dia, daqui a alguns anos, todos vivam de amor, ou que ele seja o tópico mais importante pra felicidade, por que nos dias de hoje não só de amor vive o homem, então a culpa de acabar o amor não é dele e sim das situações que o cercam, eu só peço que assim como eu tenho tido força e paciência pra manter o meu amor

Catarina, moça insana

E lá estava ela, jogada na calçada de uma rua escura, os bares já tinham sido fechados fazia tempo, era réveillon, ela queria o quê? As casas de festas estavam cheias, mas o bolso da sua saia curta estava vazio, tinha gastado o resto de suas moedas surradas com sua nova amiga Marijuana. Catarina era o nome dela, o nome que significa a pura, ou seja, tudo o que Catarina realmente não era, mas ela estava no seu auge, no auge do caos, tinha acabado de se soltar das garras de um otário boa pinta qualquer, ela era libriana, gostava do que era bonito, mesmo quando não se era bonito por dentro, e mesmo sem força nem senso, ela se levantou e ajeitou a blusa que deixava a mostra um piercing no umbigo, seu mais novo amigo, procurou o orelhão mais próximo discou o 9090 seguido do número da sua melhor amiga, ela tirou a armadura de orgulho que tinha carregado a noite toda e pediu ajuda. Catarina, era insana e desesperada, queria tudo numa noite só e por mais que estivesse chorado e dito que estava

Moça do cabelo pretinho

Certa vez eu me apaixonei por uma moça do cabelo pretinho e do olho pequeno, ela era um potinho de alegria, brilhava simplicidade naquele olhar, e a alma dela, ah, aquela alma era meu maior orgulho, aquela moça tinha nascido pra usufruir do dom materno, pois naquela alma tinha mais amor do que o coração de uma mãe. Eu nunca vou me esquecer das vezes em que ela pedia, com toda gentileza desse mundo, pra que eu me deitasse no colo dela e com um cafuné demorado ela me transparecia a vontade de cuidar de mim, e mesmo que eu nunca tenha precisado de cuidados, eu a deixava achar que eu precisava, a deixava achar que eu era o objeto frágil, sendo que pra mim, frágil era ela. Ou não. Talvez ela fosse mais forte do que eu imaginava, afinal, é necessário de força, não só física, pra aguentar os meus transtornos e todas as minhas oscilações de humor (e de personalidade). Desde o começo ela sempre soube que eu era o lobo com pele de cordeiro, figuradamente eu tinha dado à ela um contrato onde expl