Estrangeira
"Um dia eu espero encontrar uma boa razão pra acordar todos os dias, sem um pingo de força de vontade e mesmo assim vivê-lo", ela dizia a si mesma enquanto esperava no ponto de ônibus. Era uma tarde quente, o sol das dezesseis sempre foi o pior sol, paira bem no rosto e demora a se pôr. Ela usava calça jeans, ela odiava os seus próprios jeans, "que tipo de ser humano usa jeans no calor dos infernos como este?", pensava alto e sua cara ranzinza transparecia seus pensamentos sobre o clima. Pegou o ônibus, lotado como de costume, aquele barulho rotineiro de crianças chorando, adultos gritando e idoso reclamando já estava no limite, pegou seus fones de ouvido e colocou no volume máximo e tentou esquecer que estava ali, por apenas 3 minutos, ou até a próxima música tocar. Aquele momento crucial de uma viagem de ônibus ao som de sua música preferida foi um impacto. O trânsito da cruel Djalma Batista nunca tinha se tornado tão hediondo, como se não bastasse um cara mais do