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sou um misto das coisas que odeio

meu corpo dói em tristeza, minha alma range em raiva. sou tomada por todos esses sentimentos de defesa que percorrem a aura enfraquecida me falta luz? questiono. como blinda o corpo nu do que ou quem que não se vê  nem se sabe de onde vem a resposta: não se sabe se reage ou se vive mas se passa e  com sorte (casualmente)  some. - desabafos poéticos de dias difíceis

Contos Insanos #4

    Hoje não quero falar de amor. Não quero me desgastar com minha própria sensibilidade. Não saí de casa para isso. Não vim falar de você e de como me deixa. Deixa pra depois se eu já deixei do jeito que você gosta. Tá tocando um jazz no fundo, um que a gente combinou de ouvir mas nunca ouviu. As luzes já estão desligadas e existe uma fresta de luz que desenha bem as curvas do teu corpo. Ouço com clareza o peso das tuas intenções no timbre da tua voz, que me brinca a mente como criança no natal, é fatal. Me desnorteia. Não posso me perder. Paro. Penso. Volto. Acendo o incenso e o baseado. A fumaça nos envolve sem toque, numa neblina tão densa quanto os teus olhos castanhos. Te vejo do outro lado da cama. Deitada. Pensando. Esperando. A mão ocupada com uma taça do meu vinho favorito. É sempre bom. Sou sempre boa. Sempre agrado. O teu silêncio me crava como lâminas. Não há tensão. Eu nada enxergo, tudo sinto. Tua pele coberta com o calor da tuas certezas. Desnuda. Cintila.  Quase grita.

Satisfação Própria

             É preciso de muita coragem para se auto satisfazer. É preciso de coragem mesmo para realizar todos os nossos desejos mais profundos. Aquelas nossas pequenas vontades, aquelas deliciosas, as que nos envergonham, as que escondemos. E, não é bem de sexo a que estou me referindo. É sobre algo mais íntimo. Mais prazeroso. É sobre nós. Não eu e você. Mas, eu sendo somente eu e você sendo somente você. Sobre o egoísmo bom de ser completo e saber como fazer isso. Sobre a alegria de se olhar no espelho, gostar do que vê e fazer aquela pessoa feliz acima de tudo. Sobre a dor e a glória de contar a nossa história. Sobre poder falar o que pensa sem crueldade. É sobre tudo aquilo que vivemos imaginando, mas ainda não chegamos lá. É sobre as barreiras criadas sobre nós mesmos. Os desafios que nos empurramos goela abaixo, as tristezas que insistimos viver, as neuroses que surgem, a insegurança nunca convidada, os traumas que superamos (ou não), as cicatrizes e feridas não saradas, sobre

Goste de como você funciona

Gosto de como você funciona. E, de de todos os problemas de fábrica que te acompanham. Falo de qualidades e defeitos, daquelas que estamos acostumados a não reparar em nós mesmos. Refiro-me as falhas, birras, manias estranhas e tudo que te rege por dentro e fora. Tudo o que você acha estranho sobre si mesma e sobre sua aparência e personalidade, coisas bobas e pequenas que te compõem e te fazem ser quem és. Os mínimos detalhes que você insiste em desgostar. As cicatrizes no joelho daquela queda em 2004, o sinal de nascença que você detesta, as estrias e todos os seus pêlos. Além daquele furinho na bochecha que eu adoro, do cabelo bagunçado e da cara amassada pela manhã, dos seus 1,58, da cor da sua pele, do formato do seu corpo. Coisas que você deveria gostar. Como gostam. Gosto de como você tem um jeito único para trabalhar, de como você faz as coisas de acordo com o seu tempo, das vezes que você errou e pacientemente começou novamente. Gosto de como você dedica tempo para fazer al

Ninguém nunca vai saber

Somos desconhecidos. Ninguém nos conhece, eles nos veem, nos cumprimentam, nos analisam, nos julgam e nos criticam, eles ouvem nosso nome e histórias sobre nós, porque eles não sabem o que acontece entre a gente. Eles todos estão só ali, pra nos ver até certo momento, nos conhecer até certo ponto. Eles não sabem o que ocorre no nosso coração, nem no nosso quarto, não sabem o que há depois, eles não estão lá pra ver. Ninguém sabe sobre nós, sobre a nossa vida, sobre as coisas que eu acho lindo em você, sobre as idiotices que você só faz na minha frente, não sabem o teu gosto, a textura da tua pele nua, a tua respiração ofegante,  nem o timbre do nosso gemido, do que você gosta na cama,  nem do que o silêncio faz com você. Eles não conhecem os nossos problemas, nem as dificuldades que enfrentamos, nem as barras pelas quais passamos, não sabem quais dias nos são importante, e o porque que são. Eles nunca vão saber o que é ver nossas silhuetas preenchidas com o escuro do teu quarto, nem se

Preciso falar de você

Desculpe o transtorno, preciso falar de você. E da sua preguiça matinal, do seu cabelo emaranhado, da sua pele quentinha e das coisas que você acha engraçado. Da sua voz rouca, de como você adora estalar meus dedos, do quanto eu luto para me adequar ao seu relógio biológico, das suas blusas que me servem de pijama, do seu abraço que me preenche por inteiro, e de tantas outras coisas que só você faz. Quero lembrar de você, quero olhar para o céu e lembrar de você, mesmo que isso nem tenha nada a ver contigo. Quero que todos os assuntos sejam sobre você, e sobre o quanto você me faz feliz. Quero rir de você, quero te fazer rir e te dar bons motivos para sempre rir comigo, quero ser o agente principal causador de suas cócegas e ataques de risos. Quero falar de você, do quanto cozinha bem, do quanto eu amo comer tudo o que você prepara, do quanto ama cerveja e ama beber comigo, do amor que sente por crianças, do cuidado que tem por mim e do quanto gosta de sonecas, ainda mais daquelas que

Contos Insanos #3

No quesito amor, eu sempre fui muito fodida. Não faço a mínima ideia de como funciona a reciprocidade. Quando eu gosto de alguém, a pessoa não corresponde, e quando gostam de mim, eu não consigo corresponder. Então, eu realmente, procuro não me apaixonar por ninguém. Só que sabemos que nada acontece como queremos, não é? Éramos amigos. Só isso. Fazíamos parte do mesmo ciclo de amigos. Eu nunca tinha reparado em nada que me fizesse voltar os olhos diretamente só para ele. Até que em meados de maio, após eu me livrar de uns problemas pessoais que literalmente me sugavam (assunto para outra história), eu comecei a sentir a presença dele bem mais forte que nos outros dias. Ele fazia questão de mostrar que estava ali, estava de olho em mim, que prestava atenção em tudo. Sabe aquela sensação de estar sendo observada? Eu me sentia exatamente assim perto dele. Sempre estávamos entre amigos, e perto dos meus amigos, para quem me conhece, sabe que fico totalmente transparente, sou eu de ver

Não devia ter entrado naquele ônibus

Vi uma garota chorando hoje. Ela escondia o rosto com o cabelo, com uma palma da mão segurava a bochecha esquerda e limpava sutilmente as lágrimas. Eu entrei no ônibus e antes que pudesse passar pela catraca, a garota me prendeu a atenção, sentei onde pudesse vê-la e passei o resto do meu trajeto a observá-la. Já era noite, e eu me perguntava o porquê dela está chorando, o que tinha lhe perturbado tanto a ponto de não conter o próprio choro em público? Será que brigou com uma amiga? Fugiu de casa? Foi assaltada? Não, não, não. Era um tipo de pranto diferente, ela chorava por algo que faltava, algo que não existia mais, algo que perdeu. Era um choro tão pesado, tão difícil de segurar, era poesia em forma de tristeza. Cheguei mais perto, ela estava com fone de ouvido, o som se encontrava no máximo, o barulhinho externo era audível, o celular no colo mostrava qual faixa tocava. Entre Laços. Me pareceu familiar, pensei, pensei... Ah, Zimbra, conheço. “Estranho é pensar em mim mesmo sem t

Desgaste emocional

Eu estou desgastada emocionalmente, todo o meu karma está me puxando pra baixo, como uma âncora que finca no fundo do mar. Minha colheita tem sido um desastre, todo mal humor, mal amor que eu plantei veio na minha direção sem que eu pudesse ter chances de desviar, as pessoas que tratei mal, os sorrisos que não dei, os bons dias que eu não disse, os abraços que não deixei que fossem longos me assombram como um fantasma vagando por uma casa abandonada. Me encontro numa tempestade, sendo arrastada pra lá e pra cá, tendo mais baixos do que altos, se meu emocional fosse físico ele estaria firmado aos remendos. Recito poemas e os recrio na minha mente para que haja distração o suficiente para eu não sentir o maldito baque da realidade. Não estou mais com os pés no chão, já nem sei mais quem sou, nem de onde vim, nem pra onde vou, estou em eterno modo avião, sem previsão pra pousar. Meu corpo inteiro está nas nuvens, naquele gás todo que faz com que as mesmas se pareçam algodão, estou envolvi

Amor é um, sexo dois, sexo antes, amor depois

Preciso de um tempo pra repensar no que faço e no que deixo de fazer, tem coisas que preciso ocupar minha mente e coisas que eu já devia ter desocupado dela. Amor e sexo é uma delas, como cantou a grande Rita Lee: “Amor é divino, sexo é animal, amor é bossa nova, sexo é carnaval”, e como toda amante da bossa nova, eu não poderia viver sem meu carnaval. Sexo é uma coisa maravilhosa, começa em cima, vai pra baixo e termina com dois corpos cansados debruçados um em cima do outro. Porém, o amor é uma coisa divina, combina bem com um vinho barato e beijos demorados, é coisa que aquece nossas almas frias, nos transforma em pessoas patéticas, mas nada que não cause tanto dano quando se é recíproco, mas quando não, prefiro ficar bem longe, e enquanto existem muitas pessoas procurando alguém pra ocupar o espaço no coração, eu agradeço por não estar vivendo um amor mal amado, não procuro problemas, pois amor é sorte, e convenhamos que, eu sou bem azarada. Não quero, não gosto. Porém, me sufoco c